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X Congresso de Zootecnia, "Progressos Zootécnicos Nos Países de Língua Oficial Portuguesa"
EZN, Vale de Santarém, 2-4 Nov-2000
CARACTERIZAÇÃO DA PRIMEIRA ÉPOCA DE COBRIÇÃO NUM GRUPO DE NOVILHAS DA RAÇA ALENTEJANA

M.I. Vasques1, T.P. Cunha1, J.J.F. Mira2, A.E.M. Horta1
1Departamento de Fisiologia e Reprodução Animal
2Departamento de Bovinicultura
Estação Zootécnica Nacional-INIA, 2000 Vale de Santarém

Sumário

Um núcleo de 34 novilhas de raça Alentejana, nascidas entre 2 de Setembro de 1998 e 31 de Março de 1999, foi colocado à cobrição em 16 de Março de 2000, com uma média de 15,9 ± 2,31 meses de idade (11,7 a 18,7 meses). Foi avaliada a actividade ovárica de todas as novilhas, no início do período de cobrição e dois meses mais tarde, através de dois doseamentos da progesterona sanguínea (por RIA) com uma semana de intervalo em cada período. A detecção de um corpo lúteo funcional, no conjunto dos doseamentos efectuados, permitiu classificar a função ovárica dos animais durante o período de cobrição (animais cíclicos com concentrações de progesterona >= 1 ng/ml). Quatro meses após a introdução de um touro de cobrição da mesma raça, todas as novilhas foram pesadas (436,1 ± 42,2 kg) e submetidas a diagnóstico de gestação por palpação transrectal (com 20,1 ± 2,3 meses de idade). Até esta altura houve um ganho diário médio de 680 ± 86 g (calculado por diferença ao peso médio de nascimento de fêmeas da mesma raça).
Foi possível estabelecer 4 classes de animais, de acordo com o tipo de função ovárica exibida durante os primeiros dois meses do período de cobrição, com a seguinte distribuição: (a) 25 novilhas com ciclicidade ovárica ininterrupta (73,5%), (b) 4 novilhas com actividade ovárica interrompida durante aquele período (11,8%), (c) 4 novilhas acíclicas inicialmente e cíclicas no fim daquele período (11,8%), (d) 1 novilha na qual os ovários nunca funcionaram (2,9%). A taxa de gestação global foi de 73,5% (25/34), que se distribuiu pelas diferentes classes da função ovárica do seguinte modo: (a) = 88% (22/25), (b) = 0% (0/4), (c) 75% (3/4), (d) = 0% (0/1). Estabelecendo uma hierarquia de factores correlacionados com a taxa de gestação, encontram-se as novilhas que interromperam a ciclicidade (r=-0,61; P < 0,001), novilhas sempre cíclicas (r=0,55; P=0,001), o peso (r=0,42; P=0,013) e idade da novilha (r=0,32; P=0,064), como os mais significativos. O ganho médio diário não se correlacionou significativamente com a taxa de gestação (r=0,08; P=0,649), embora a idade e o peso dos animais mostrassem uma correlação significativa (r=0,42; P=0,014).
Os resultados mostram que neste grupo de novilhas Alentejanas, as que apresentaram uma função ovárica regular, as mais pesadas e as mais idosas, obtiveram taxas de gestação muito elevadas após um período de cobrição limitado. Em animais que não se encontrem nestas condições, a fertilidade é seriamente comprometida.




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X Congresso de Zootecnia, "Progressos Zootécnicos Nos Países de Língua Oficial Portuguesa"
EZN, Vale de Santarém, 2-4 Nov-2000
VARIAÇÃO ANUAL DAS CARACTERÍSTICAS SEMINAIS EM BODES DA RAÇA SERRANA

J.P.F. Sousa1, J.P. Barbas2, G.M.B.C. Ferreira3 e A.E.M. Horta2

2Departamento de Reprodução Animal, Estação Zootécnica Nacional – INIA, 2000 Vale de Santarém
1 Estagiário de licenciatura em Engenharia Zootécnica (U. Açores)
3 Estagiário de licenciatura em Medicina Veterinária (U. Porto)


Sumário

Pretendeu-se avaliar as características seminais quantitativas (volume, concentração e spz totais) e qualitativas (mobilidade massal e individual, vitalidade e anomalias espermáticas) em quatro bodes da raça Serrana ao longo de um ano (semanalmente), num estudo efectuado na Estação Zootécnica Nacional (39º, 12´ N). O sémen, colhido pelo método da vagina artificial, foi examinado logo após as colheitas. Durante 6 meses realizaram-se igualmente testes para avaliação da integridade do acrossoma e da integridade da membrana plasmática (HOST), comparando neste último caso a eficiência de dois meios hipoosmóticos.
Não foram encontradas interacções significativas para nenhuma das características seminais estudadas entre o factor Bode e os factores Mês ou Estação do ano (P > 0,05). O sémen dos bodes deste estudo apresentou em média, por ejaculado, um volume de 0,9±0,3 ml, uma concentração de 4,8±1,3 spz x 109/ml, 4,6±2,2 spz totais x 109, 80,7±12,2 % de spz móveis, 74,9±9,1 % de spz vivos e 81,3±6,1% de spz normais. Foram observadas diferenças significativas entre bodes para o volume do ejaculado, concentração, spz totais e vitalidade espermática (P <= 0,05). Entre os meses do ano observaram-se diferenças significativas para todas as características seminais estudadas, excepto para as anomalias da peça intermédia. Os ejaculados com melhores características, quer qualitativas, quer quantitativas, foram produzidos durante o fotoperíodo decrescente (Verão e Outono). A magnitude dos efeitos sazonários não parece comprometer um bom desempenho reprodutivo ao longo do ano. Só foram observados 3,5±1,8 % de espermatozóides com acrossomas degenerados, sem diferenças significativas entre bodes. Este estudo permitiu ainda evidenciar que o meio hipoosmótico que permitiu viabilizar o teste de endosmose (HOST) em bodes foi o de 100 mOsm/kg, quando comparado com o de 200 mOsm/kg, tendo-se observado uma percentagem média de 85,2±10,2 % de spz com membranas funcionais por ejaculado, sem diferenças significativas entre bodes (P > 0,05).
Os resultados obtidos indicam que a qualidade espermática do bode Serrano, parece permitir viabilizar a monta natural dirigida ou a inseminação artificial durante todo o ano, nas condições em que se realizou este estudo. No caso de se recorrer à inseminação artificial, será possível obter entre 10 a 16 doses com 300 millhões de spz móveis ao longo do ano, por ejaculado.




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EZN, Vale de Santarém, 2-4 Nov-2000
VARIAÇÃO ANUAL DAS CARACTERÍSTICAS SEMINAIS DE CARNEIROS MERINO REGIONAL E SERRA DA ESTRELA, EM SÉMEN FRESCO

J.P. Barbas1, J.P.F. Sousa2, G.M.B.C. Ferreira3, M.C. Baptista1, A.E.M. Horta1
1Departamento de Reprodução Animal, Estação Zootécnica Nacional – INIA, 2000 Vale de Santarém
2 Estagiário de licenciatura em Engenharia Zootécnica (U. Açores)
3 Estagiário de licenciatura em Medicina Veterinária (U. Porto)


Sumário

Foram estudadas as características seminais de carneiros de raça Merino Regional (MR, n=2) e Serra da Estrela (SE, n=3) ao longo de um ano. O sémen foi recolhido quinzenalmente. As características seminais quantitativas (volume, concentração espermática e doses de sémen) e qualitativas (mobilidade massal (MM) e individual (MI), vitalidade e espermatozóides (spz) normais) foram avaliadas num total de 83 ejaculados, tendo-se guardado o sémen em palhinhas de 0,25 ml, numa concentração de 300x106 spz/dose. Estudou-se o efeito Carneiro, Raça, Mês e Época do ano, e as interacções Época x Carneiro e Época x Raça, sobre as características seminais.
Observaram-se diferenças significativas entre carneiros para a concentração espermática (entre 3717x106 e 5850x106 spz/ml) e doses produzidas (entre 11,8 e 20,6 palhinhas/ejaculado). As médias por ejaculado das características não significativas entre carneiros foram o volume (0,99±0,26 ml; n=83), MM (4,0 ± 0,35, n=83), MI (81,0±7,53%, n=83), spz vivos (75,5±8,8%, n=80) e spz normais (85,7±7,4%, n=81). A raça MR produziu significativamente mais doses de sémen (18,0 vs 12.7; P=0,001) e ejaculados com maior concentração (5312,5x106 vs 4103,8x106 spz/ml; P=0,00001). A raça SE apresentou uma percentagem de spz vivos significativamente superior à da Merino (77,6% vs 73,6%; P=0,038). Entre os meses do ano só foram observadas diferenças significativas para a MI (Junho = 71,9% e Agosto = 92,5%), % de spz vivos (Abril = 71,4% e Maio = 80,0%) e % de spz normais (Janeiro = 75,4% e Maio = 91,7%). Entre épocas do ano só foram observadas diferenças significativas na MI (Primavera = 76,4%, significativamente inferior às restantes épocas, P<0,04), e na concentração onde o Outono apresenta valores significativamente inferiores aos do Verão (3935,7x106 vs 5149,6x106 spz/ml, respectivamente; P=0,006), aos do Inverno (4782,8x106 spz/ml; P=0,07) e da Primavera (4764,2x106 spz/ml; P=0,05). A Época x Carneiro interagiram relativamente ao volume (P=0,01), nº de doses (P=0,0005) e concentração (P=0,004). A Época x Raça interagiram em relação à MI (P=0,02). Na raça MR a MI foi significativamente inferior na época da Primavera do que no Verão, Inverno e Outono (74,2% vs 80,9%, 82,0% e 88,2%, respectivamente; P < 0,01), tendo o Verão sido significativamente diferente do Outono (P=0,02). Na raça SE a MI é significativamente superior no Verão do que na Primavera e Inverno (86,6% vs 78,4% e 79,4% respectivamente; P < 0,02), não apresentando o Outono (81,7%) diferenças significativas relativamente às restantes épocas. No Verão, a MI foi superior na raça SE (86,6% vs 80,9%; P=0,03). Esta relação inverteu-se na época de Outono, onde a raça MR superou a raça SE (88,1% vs 81,7%, P=0,07). No Inverno e Primavera não se observaram diferenças significativas entre raças para esta característica (P > 0,11).
Os resultados permitem concluir existirem variações individuais entre carneiros para a concentração espermática e doses de sémen. Contudo, o volume varia igualmente entre carneiros, dependendo da época. A raça SE produz sémen menos concentrado, menos doses de sémen e sémen com maior vitalidade que a raça MR. Contudo, a MI apresentou diferenças entre raças nas épocas de Verão e Outono. Na Primavera a MI foi inferior às restantes estações do ano e a concentração foi inferior no Outono, independentemente das raças.


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X Congresso de Zootecnia, "Progressos Zootécnicos Nos Países de Língua Oficial Portuguesa"
EZN, Vale de Santarém, 2-4 Nov-2000
EFEITO DA CONGELAÇÃO DE SÉMEN DE CARNEIROS MERINO REGIONAL E SERRA DA ESTRELA, SOBRE AS CARACTERÍSTICAS SEMINAIS À DESCONGELAÇÃO

J.P. Barbas1, G.M.B.C. Ferreira2, J.P.F. Sousa3, M.C. Baptista1, A.E.M. Horta1
1Departamento de Reprodução Animal, Estação Zootécnica Nacional – INIA, 2000 Vale de Santarém
2Estagiário de licenciatura em Medicina Veterinária (U. Porto)
3 Estagiário de licenciatura em Engenharia Zootécnica (U. Açores)


Resumo

Estudou-se a influência da congelação/descongelação sobre as características seminais (mobilidade individual – MI, % de espermatozóides (spz) vivos e % de spz normais) em 5 carneiros Merino Regional (MR) e Serra da Estrela (SE). As colheitas de sémen foram efectuadas quinzenalmente durante 1 ano e foram agrupadas por meses e estações do ano, no tratamento dos dados. As variáveis foram comparadas no sémen fresco (SF) e após descongelação (SD), considerando os efeitos Carneiro, a Raça, Mês e Época do ano e identificadas as interacções no SD para Época x Carneiro e Época x Raça. Correlacionaram-se as variáveis descritas entre o SF e SD.
A MI foi afectada pelo processo de congelação/descongelação independentemente dos efeitos Carneiro, Raça, Mês e Época do ano (SF=81,0±7,53% vs SD=29,0±11,6%; P < 0,0001). A MI não foi diferente entre carneiros e entre raças no SF e no SD. Entre meses, a MI apresentou diferenças significativas em SF e SD, tendo a variação entre meses sido superior no SD. Relativamente à época, a MI apresentou valores inferiores na Primavera vs Verão e Outono no SF mas, no SD, foi a Primavera que mostrou valores superiores ao Outono (31,5±9,1% vs 24,9±12,1%; P=0,04). A interacção Época x Raça, ocorrida em SF, não foi verificada em SD. A % de spz vivos foi significativamente afectada pelo processo de congelação/descongelação independentemente dos efeitos Carneiro, Raça, Mês e Época do ano (SF=75,5±8,8% vs SD=33,1±12,9%; P < 0,0001). Este parâmetro não apresentou diferenças significativas entre raças, no SF e no SD (P > 0,05). Num dos carneiros, a % spz de vivos no SD foi significativamente superior aos restantes (41,5±12,7%, P=0,028), fenómeno não verificado no SF. Em Janeiro, a % de spz vivos foi significativamente inferior à dos restantes meses, exceptuando Abril e Agosto, no SF. No SD, houve mais meses onde se verificaram diferenças significativas relativamente a este parâmetro. Ainda quanto à % spz vivos, não houve diferenças significativas entre Épocas no SF mas, no SD, só não foram observadas diferenças entre Verão vs Outono e Inverno vs Primavera. Este parâmetro não apresentou interacções Época x Carneiro e Época x Raça no SF e no SD. A % de spz normais foi significativamente afectada pelo processo de congelação/ descongelação somente para o efeito Raça (SF: 85,3% e 86,2% vs SD: 78,2 e 78,5%; respectivamente para MR e SE; P < 0,0001) e não houve diferenças entre raças em SF e SD. Num dos carneiros não se observou qualquer efeito negativo da congelação e não houve diferenças individuais em SF e SD. A % de spz normais foi significativamente afectada pela congelação em 7 meses do ano. Enquanto que no SF os meses de Janeiro e Abril apresentaram os valores mais baixos (75,4% e 78,5%), no SD os piores meses relativamente à % de spz normais foram Março e Novembro (66,5% e 71,3). Comparando meses homólogos antes e depois da descongelação, só no Verão não ocorreu uma diminuição significativa desta característica. No SF não se observaram diferenças entre épocas mas, no SD, o Verão foi superior às restantes épocas e o Inverno inferior à Primavera. Esta característica seminal não apresentou interacções Época x Carneiro e Época x Raça, em SF ou SD. A % de spz normais esteve correlacionada entre SF e SD (r=0,41; P=0,0002). A congelação afectou a MI e % de vivos independentemente dos efeitos considerados. A congelação afectou totalmente a % de spz normais em ambas as raças e, parcialmente, em função do carneiro, mês e época.


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1as Jornadas Técnicas de Engenharia Biotecnológica: "A Biotecnologia na produção agrária: Preparar as empresas de hoje para o futuro"
Bragança, 30 e 31 de Março de 2000. (Mesa Redonda)
ORGANISMOS GENÉTICAMENTE MODIFICADOS EM PRODUÇÃO ANIMAL

António Eduardo Monteiro Horta
Investigador Coordenador
Departamento de Reprodução Animal, Estação Zootécnica Nacional – INIA,
2000-763 Vale de Santarém


Resumo

A aplicação da tecnologia do DNA recombinante ou da transferência de genes em produção animal tem tido um grande incremento, sendo mesmo algumas destas técnicas, como as vacinas recombinantes ou determinados métodos de diagnóstico, já prática de rotina.
A transgénese consiste em adicionar, inactivar ou substituir genes nos genomas dos seres vivos. Desta forma, uma proteína pode ser produzida a partir dum gene estranho por bactérias, leveduras, células animais em cultura ou animais transgénicos, para ser estudada ou utilizada como agente terapêutico. Um gene também pode ser transferido in vivo para células somáticas, procedendo-se a uma terapia génica ou pode ser transferido para células germinais, obtendo-se linhas de animais transgénicos.
Todas estas técnicas tiveram um grande desenvolvimento na última década em simultâneo com as tecnologias reprodutivas como a transferência de embriões, a produção in vitro de embriões, a clonagem de células embrionárias ou de tecidos somáticos diferenciados, criando um potencial extraordinário em muitas áreas, embora ainda limitado pelos seus custos e dificuldade de execução.
Nesta mesa redonda será oportuno debater algumas das aplicações possíveis em produção animal como a prevenção e diagnóstico de doenças (vacinas, resistência a doenças e métodos de diagnóstico), aplicação de proteínas recombinantes em produção animal (aumento da taxa de ovulação, modificação de comportamentos, produção de leite e carne), secreção de proteínas recombinantes no leite (produção de colostro, produtos farmacêuticos, tecnologia do leite) e melhoramento genético.


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V Jornadas de Biologia do Desenvolvimento 29 Jun - 1 Jul/2000
Haverá um papel da progesterona no síndroma dos vitelos grandes?

Pereira, R.M.; Marques, C.C.
Departamento de Reprodução Animal, Estação Zootécnica Nacional – INIA,
2000-763 Vale de Santarém


Resumo

Ao contrário do que acontece na espécie humana, cerca de 5-10% dos vitelos resultantes das técnicas de produção de embriões in vitro (IVP) apresentam o denominado síndroma dos vitelos grandes, caracterizados por excesso de peso à nascença, gestações prolongadas e maior mortalidade perinatal. Em bovinos, podem surgir desvios à média superiores a 9 kg nas raças grandes e à volta dos 2 kg nas raças pequenas. Em trabalhos realizados na EZN, verificou-se que, por cada dia de gestação entre os 265 e os 298 dias, os vitelos IVP nasceram mais pesados 0,765 kg, apresentando uma elevada mortalidade ao parto (26,7 %). Estes sintomas estão associados a anomalias congénitas (hidroalantóide, deformações nos membros anteriores e espinhas dorsais anormais) e a um aumento de peso de alguns dos órgãos dos vitelos IVP (coração, fígado, rins e glândulas supra renais) em detrimento do peso do esqueleto. Inicialmente, pensou-se estar este síndroma associado às técnicas de manipulação nuclear em embriões produzidos in vivo, embora o crescimento acelerado aconteça também com embriões IVP, sujeitos ou não a manipulação nuclear. Esta situação verifica-se quer em embriões resultantes de sistemas com co-cultura até ao estadio de blastócito em vários tipos celulares (granulosa, oviducto, BRL, etc.), quer em sistemas semi-definidos e definidos. A heterose devido ao cruzamento de raças de vacas dadoras de oócitos e de touros diferentes foi tida como a principal causa deste processo. Só mais tarde foi evidenciado um efeito directo da técnica IVP sobre a produção de vitelos pesados, tendo sido implicados factores como a própria origem dos oócitos, a incorporação de soro e vermelho fenol nos meios de cultura, as elevadas tensão de oxigénio e concentração de amónia em que os embriões são cultivados, e a produção de factores embriotróficos pelas próprias células em co-cultura, entre muitos outros. A progesterona parece estar implicada num efeito precoce sobre o embrião, levando-o a crescer mais rapidamente durante a gestação. Embriões produzidos in vivo sujeitos a altas concentrações de progesterona no início do seu desenvolvimento dão origem a fetos e placentas mais pesados. Trabalhos do nosso laboratório mostram que os embriões bovinos mesmo antes da eclosão produzem factores luteotróficos capazes de acelerar o processo de diferenciação das células da granulosa in vitro. Este efeito, medido pela produção da progesterona pelas células da granulosa, acentua-se quando da passagem de blastócito expandido para eclodido. O aumento da produção de progesterona pelas referidas células aparece associado a um aumento da velocidade de crescimento e qualidade morfológica dos embriões, apontando também para o possível papel da progesterona na indução deste síndroma. A existência de vitelos pesados ao nascimento a partir de sistemas IVP utilizando outro tipo de células para co-cultura que não produzem progesterona, ou mesmo sem células, pode não afastar por si só a hipótese da progesterona como factor comum na expressão daquele efeito. Ao contrário da espécie humana, nos bovinos a maturação dos oócitos faz-se também in vitro, com oócitos muitas vezes aspirados de folículos em atrésia. Esta atrésia aumenta a produção de androstenediona e de progesterona dentro do fluido folicular, o que em humanos leva ao aumento de incidência de poliploidia, de aneuploidia e de cromossomas prematuramente condensados. O gene IGFBP-2 é um forte candidato à indução do síndroma dos vitelos grandes, um dos chamados genes do "imprinting". A atrésia folicular poderá alterar a expressão deste gene, sugerindo que a maturação in vitro pode desde logo condicionar o aparecimento deste síndroma. Este gene pode ser altamente afectado pelas condições de cultura e sabe-se que a progesterona aumenta a sua expressão durante o alongamento trofoblástico bovino.


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